O primeiro
filme de uma nova era. Com um filme de dança em três dimensões, a dança não mais
será a mesma. Talvez coisas semelhantes já tenham sido pensadas e ditas em
outros momentos históricos...
A dança
acontece em sua fugacidade e... Difícil acompanhar sua história, difícil
captá-la numa caixinha, como reproduzi-la? Primeiro surgiu a fotografia. Ah,
para historiadores, um “bem” precioso! Agora sim, podemos saber como se dançava,
pelo menos a partir do século XIX. Uma foto é muito mais fiel que pinturas.
Será? Será assim fácil?
Depois veio o
cinema. Mudo. “Fotografia” com movimento. Acelerado. Lá estavam aqueles montes
de “bonequinhos” se mexendo rapidamente... Com bastante atenção e um olhar desconstruído e reconstruído , podemos captar o que poderá ter sido, talvez, um
dia, os movimentos de Anna Pavlova, de Nijinsky, e companhia.
Com o tempo, os
movimentos passaram a apresentar o seu ritmo natural, e uma música pode ser sincronizada a eles! "Agora sim, temos a “Morte do Cisne” e o “Fauno” dos bailarinos."
Porém a grande
revolução surgiu com a fala sincronizada no cinema, na década de 1930, e a
explosão dos musicais. Uma efusão de criatividade unindo música, dança e
cinema, perpetuados pela tecnologia de ponta, guardados em rolos, numa lata.
Estava aí o movimento em sua plenitude...
Mas, movimento em
plenitude tem três dimensões, tem energia, e uma série de sensações
inexplicáveis! E mais, conhecer um ídolo ao vivo não se compara a nada. O
público não deixou os teatros, as filas seguiram imensas, a concorrência
permanece até hoje.
...
Sentada na
imensa sala de cinema, com todo o luxo e conforto dos shoppings de hoje, inicia
“PINA” – 3D. Já havia assistido ao filme, sem a tecnologia tridimensional. A expectativa
para essa nova tecnologia – que eu, particularmente, ainda não havia
experimentado – era grande. Mas, prevenida, eu mesma já me alertava: “Talvez
não tenha muita diferença! Você já assistiu ao filme... Talvez o “3D” não vá
criar um efeito tão forte... Vá com calma.”
Inicia o filme.
Já na primeira cena me senti como um “ingênuo” personagem do início do século
XX – se pensarmos anacronicamente – deslumbrado com a incrível! Inesperada! Possibilidade
daquilo! Meu Deus! E a frase não poderia ser outra, se não aquela já repetida
pelos “ingênuos personagens do passado”: “Meu Deus, a dança nunca mais será a
mesma! A partir deste momento, essa arte, nas telas, está superando até mesmo sua realidade.”
Pensar aquilo foi automático. E em seguida, muito divertido. Eu estava dizendo
tudo aquilo mesmo em minha mente?! Então: “Será a dança superada pelo cinema em
três dimensões?” Eu ria de mim mesma, mas queria acreditar. Queria e não
queria. Quanto espanto.
A primeira cena
do filme nos aproxima lentamente de um grande palco italiano à nossa frente.
Nós, espectadores, sentamos na platéia. Pensei: “Bem, agora está aí. O teatro
transferido para uma sala de cinema. É isto.” E logo acrescentei: “Pois é...
talvez no início do século XX tenha-se pensado exatamente assim, e...” Sabemos que
não foi assim, que a dança vivida não foi transferida para o cinema ou para o
vídeo. Cada um é diferente do outro. E tem mais! A tal energia – que não vemos,
não pegamos, mal sentimos vez que outra, não está presente. A energia de um
corpo pulsante presente, a energia vital. A coisa não acontece ao vivo. Dizem
que tem algo mais... E... como é mesmo esse algo mais?
Porém logo eu
descobri que desta vez, apesar da “energia ausente”, tinha algo mais, sim, algo
além do teatro reproduzido. Um filme de dança em 3D é diferente de se estar no
teatro! Os bailarinos foram cuidadosamente colocados em cena – e não entraram –
foram colocados pelo cineasta, como bonequinhos, como num vídeo-dança, é
lógico! E não bastando, à medida que se moviam, a câmera nos fazia a gentileza
de girar em torno de cada corpo, mais próximo e mais próximo... Saltei da
cadeira... Onde estava o cheiro daquele suor? Meu Deus! Da plateia passamos às
coxias, de lá para cima... De súbito éramos transformados em anjos.
Pensando bem,
com a dança em 3D, agora sim, somos anjos assistindo ao palco E aos bastidores
dos mágicos bailarinos!
Dizem que “aquela
energia” está ausente. Mas, com certeza, as possibilidades criativas são
imensas. Entramos para mais uma nova era.
Muito bom!
ResponderExcluirDá vontade de ver o filme...!