sábado, 30 de agosto de 2014

"Pensando a fotografia presente na bibliografia sobre ballet"



Artigo de Angélica Bersch Boff -

Publicado nos Anais do 7o Simp - Seminário Internacional em Memória e Patrimônio
Pelotas - novembro de 2013 

Resumo

   O ballet é uma arte fugaz, de tradição predominantemente oral. No entanto, a produção e apreciação de fotografias de ballet é significativa. Com base em estudos de representações e história visual, visamos fazer um exercício de análise de fotografias do século XIX, que são utilizadas na historiografia sobre ballet de forma meramente ilustrativa. Levantamos diversos questionamentos sobre produção e usos da fotografia, concluindo que as fotografias de b allet são uma outra arte, tomada muitas vezes como o próprio ballet. Ao contrário, reconhecendo esta outra arte, identificamos possibilidades de contribuição ao estudo da história e à memória do ballet. 

Palavras-chave: ballet . fotografia . história visual . representações .

Acesso ao texto completo com link abaixo

http://ich.ufpel.edu.br/simp/7/arquivos/anaisA.pdf















Emma Livry com Louis Mérante em La Sylphide, 1858. 
In.: GUEST, Ivor, 2001.
Fonte: Bibliothèque-musée de l’Opéra, 
Bibliothèque Nationale de France (BNF).

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Aula Ballet na Corte do Rei Sol – Luis XIV

Profª Me. Angélica Bersch Boff

Aula 27 de junho de 2014


A criação da primeira Escola de Ballet:
1661 - Académie Royale de Danse
1669 – Académie Royale de l’Opéra
1672 – Académie Royale de Musique et de Danse

A partir do século XVII os reinados se transformam: 

O Rei é o centro da cena = ABSOLUTISMO.

- Luis XIV se coloca como 
filho de Deus, filho do Sol
- Ballet existe em função 
do poder DO REI.
- Representa o esplendor 
DO REI
- Luis XIV diz: “O Estado sou Eu.” 
Ele governa sozinho.
- O Corpo do Rei, uma relíquia
- Com o poder absoluto, pretende 
eliminar conspirações e disputas na 
corte, e fortalecer o reino.

* Não existem mais disputas pelo poder do reino da França.
* As intrigas palacianas são, agora, para chegar mais perto do Rei, 
    poder tocá-lo, e garantir “um lugar ao sol”. 
* Não são mais disputas para obter poder político ou do Estado.


A CORTE DO REI SOL
-        Intrigas internas por um lugar junto “ao Sol”
-         O Ballet =  
* regula as vivências na corte
* etiqueta = regras
* cada um tem o seu lugar
* REPRESENTAÇÃO DE PODERES.
                             

O Rei Sol, no Ballet de la Nuit- Ao lado, desenho do figurino do Ballet "La Nuit,“ – 1653- Début de Luis XIV na corte, figurando como O Sol

- 12 hs de ballet durante a inteira. Incêndio, pesadelos, assaltantes. O Sol entrava em cena com a aurora.

- Fonte : BNF, département Estampes et photographie









 O Documento que funda a Academia Real de Dança em 1661

Título : Lettres patentes du roy, pour l'établissement de  l’Académie Royale de Danse en la ville de Paris.
Vérifiées em Parlement le 30 mars 1661.
Autor : Louis XIV (roi de France ; 1638-1715) 
Editor : P. Le Petit (Paris)
Data de publicação : 1663
Tipo : monographie imprimée
Língua : Francês
Formato : 1 vol. (48 p.) ; in-12
Fonte: Bibliothèque Nationale de France, département Droit, économie, politique, F-21025 (16)






Instituições das cortes francesas, relativas a ballet

        1570 – Académie de Poesie et Musique – criada por Carlos IX, filho de Catarina de Médicis
        1661 – Académie Royale de Danse – fundada por Luis XIV, no 1º ano de seu reinado efetivo.
        1669 – Académie Royale de l’Opéra – concessão feita a Pierre Perrin.  
        1672 – Académie Royale de Musique et de Danse – a cargo de Jean-Baptiste Lully, após falência da Academia de Pierre Perrin. É a sequência da Académie de l’Opéra.
        Padres Jesuítas (séc. XVII e XVIII) – Faziam vários ballets e teatros, como forma de ensino.


Academias eram um privilégio que os mestres tinham, concedido pelo Rei. Envolviam investimento $ e poder, disputas e intrigas palacianas.
Pierre Perrin, ambicioso, ganhou a concessão do Rei para criar a Académie de l’Opéra em 1669. Mas não obteve investimento do rei. Apenas com renda do público, sendo mau administrador, arruinou a instituição.
Lully, ardiloso e oportunista, muito próximo ao rei, por meio de maquinações conseguiu o domínio da Académie renomeando-a como Académie Royale de Musique et Danse, em 1672. É a mesma instituição, e mediante outras transformações, é a instituição que mais tarde se tornaria a Ópera de Paris. Portanto, a mais antiga escola e companhia de ballet do mundo, existente até hoje.

ALGUNS PERSONAGENS

* Rei Luis XIII (1601-1643) – rei da França, pai de Luis XIV, o Rei Sol.
* Cardeal Richielieu (1585-1642) – Primeiro Ministro de Luis XIII. Tinha um teatro em seu palácio.
* Horace Morel (+- 1632) – 1º empresário de ballet fora da corte francesa.
* Rei Luis XIV, o Rei Sol (1638, 1643, 1661-1715) – O apogeu do absolutismo, a instituição da Dança como arte clássica.
* Cardeal Mazarin (1602-1661) – Primeiro Ministro de Luis XIV.
* François Galant du Désert  - primeiro diretor da Académie Royale de Danse .
* Pierre Beauchamps (1631-1705) – Francês. Linhagem de mestres de dança e violinistas. Mestre de Luis XIV. Foi presidente da Académie de Danse. Criador das 5 posições.
* Jean-Baptiste Lully(1632-1687) – Italiano na     França.                Próximo ao Rei Sol. Músico e conhecedor de Ballet.    Académie Royale de Musique et de Danse, 1672.
* Guillaume-Louis Pécour (1653/56-1729) – Professor de dança dos pagens do Rei. Fez parte da Académie Royale de Musique et Danse. Tem vários ballets registrados nas obras de Feuillet e Rameau.
* Raoul-Auger Feuillet (1659/60-1710) – primeiro tratado de notação de dança com símbolos. Verbete na Encyclopédie.
* Pierre Rameau (1624/26-1748) – Publica tratados sobre dança. 1725 “Le Maître à Danser”. Também coletâneas de obras de Pécour.
* Molière ( 1622-1673) – Paris, Fr. Dramaturgo. Criador das comédias satíricas. Criou muitas peças para a corte       de Luis XIV, trabalhou com Lully, Beauchamps. Lido e conhecido até hoje.

Ballet no século XVII e XVIII é de um estilo mais bombástico e lisonjeador do que na Renascença.
MAS...
            ... existe evolução de escola dentro deste estilo. Isto confere importância sem par para esta época. É quando se formam as teorias e métodos que usamos até hoje – com modificações, naturalmente.

Este é um período CLÁSSICO. O clássico nas artes, com todos os seus maneirismos, é uma forma de expressão fundamental. Caracteriza-se por um rigor formal – apresentação e métodos; esta formalidade é imanente às etiquetas e ao dia-a-dia da corte absolutista; a arte clássica, formal, sustenta o absolutismo; os luxuosos e metódicos “desfiles” de ballet designam o lugar e as maneiras de cada um na corte.

Bibliografia
BOURCIER, Paul. “História da Dança no Ocidente”. SP, Martins Fontes, 2001.
CUMMING, Robert. “Para Entender a Arte.” SP., Ed. Ática, 1996.
FARO, Antonio José. “Pequena História da Dança”. RJ: Jorge Zahar Editor, 1986.
GUEST, Ivor. “Le Ballet de L’Opéra de Paris”. Paris: Flammarion, 2001
HOMANS, Jennifer. “Anjos de Apollo”. Lisboa, Ed.70, 2010.
PORTINARI, Maribel. “História da Dança”. RJ: Nova Fronteira, 1989.